CAÇADA
Não quero falar da chuva
O vento varrendo as folhas
O cheiro molhado de terra
Não me inspira
Apenas o uivo da madrugada
Aquecendo esta noite fria
Cai como uma luva
Mantém acesa a chama da pantera
Bicho acuado ruge
Afugenta a sombra da maldade
Espreita-me no doce sereno da lua
Como quem vive uma eterna caçada
ENCOSTAS DE AREIA
Brincávamos nestas encostas de areia
O mar se recolhia pra dar margem a nossas fantasias
E de manhã quando a onda vinha banhar nosso suor
O sol a pino tagarelava as delícias de uma noite plena
BRINDE
Um brinde ao desejo
A camisa suja de batom
A marca de unha no pescoço
Um brinde ao despudor
Às vontades secretas saciadas
Paredes, espelhos escalados
Um brinde ao acaso
Uma mão um empurrão um amasso
Uma pegada um bilhete uma estrada
VIÇO
Tenho
viço de viver
Me
espojar nestas areias escaldantes
Rolar estas
escadas da alma
Os
desníveis do desejo
Não abro os braços pra ti
Mas
me empapo do teu pão
E
rio com tuas putas nas calçadas
Copacabana
não me engana
Ah!
Esta brisa quente!
Crente
que é para ela que suspiro
Não
vê que me enleio entres os morros
Busco
os cumos, os picos
E
morro de êxtase nas sacadas
Que
serpenteiam estas manhãs
Oh!
Mar! Se umedeço não é do teu sal
Tampouco
são lágrimas que marcam estes dias
Tua
areia é pântano de sabores
Que
escorrem pelo meu corpo inteiro
Explosões de sentimentos, carícias e sensações
Evapora
e se derrama cálida chuva de verão
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