MARATONA TEATRAL DE FÉRIAS

MARATONA TEATRAL DE FÉRIAS

domingo, 31 de março de 2013

MULHER CONSUMIDA POR UM CASAMENTO QUE NÃO EXISTE, A MÚSICA DE NÚBIA LAFAYETE, UMA TAÇA DE VINHO: "EMBRIAGADA.... EU QUERO DESABAFAR!"


Nos dias 03 e 04 de maio de 2013, 20h, a CIA TEATRAL MOREIRA CAMPOS apresentará o monólogo Embriagada...eu quero desabafar!, NO THEATRO 4 DE SETEMBRO, uma tragicomédia que aborda o universo feminino ao dar voz a Dolores, uma mulher prisioneira de uma relação conjugal fracassada e outras dores, que decide dar vazão a seus sentimentos, angústias, frustrações numa tentativa de se encontrar, entender-se, revelar-se ser humano: mulher, mãe, cidadã. Os ingressos custam o valor de R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia). Mais informações, poderão ser obtidas através dos telefones (86) 3222-7100 / 8821-6146 / 9402-5949 / 9917-3647 (VR PRODUÇÕES)
O espetáculo é um texto inspirado na obra de Clarice Lispector (Laços de Família, A Hora da Estrela, A Paixão Segundo G. H.) e nas canções da grande compositora e interprete da música brasileira, Núbia Lafayette. A peça relata a vida cômica e trágica de Dolores, uma mulher Nordestina, feia, datilógrafa, funcionária pública, semi-analfabeta, casada há dez anos com um marido machista, egoísta, ignorante e ausente. Embriagada e em meios a devaneios, diante da situação em que se encontra - a beira de um ataque de nervos - ela resolve desabafar tudo aquilo que a sufocava, que estava preso na garganta. De forma sutil, cômica e quase trágica, Dolores conta suas angústias, decepções, sonhos, traições e sua “anti-vida” com seu marido “Amado”.
Trata-se de um texto simples e poético onde o teor da trama situa-se numa confluência de paradigmas que entretece e destece, pondo o espectador numa espécie de tensão ilusória facilitada pela personagem Dolores em situações da vida diária, mas num intenso lirismo. As cenas nos colocam diante de um realismo-naturalismo e de um romantismo-simbolismo significante, uma vez que, encontram-se veios recessivos que criam um entrelaçamento entre realidade e a “realidade adivinhada”, produzindo uma poética que lhe é própria. 
 Afinal, o que pode acontecer entre quatro paredes e na intimidade diária de um casal juntos há dez anos???  

Indicações a prêmios
·        PRÊMIO BALAIO 2009 - CEARÁ: SEIS INDICAÇÕES - MELHOR PRODUÇÃO, MELHOR ATOR, MELHOR DIRETOR, MELHOR TEXTO, MELHOR CONCEPÇÃO CÊNICA, MELHOR SONOPLASTIA.
·        FITBAHIA 2012: PRÊMIOS - MELHOR ESPETÁCULO JÚRI POPULAR (2 LUGAR), MELHOR ESPETÁCULO JÚRI OFICIAL (2 LUGAR), INDICAÇÃO AO PRÊMIO DESTAQUE FITBAHIA 2012 - POR MELHOR ATUAÇÃO, DIREÇÃO E CONCEPÇÃO CÊNICA.
·        ESPETÁCULO CONVIDADO PARA O VI FESTIVAL NACIONAL DE TEATRO OOPS!... GOIÂNIA (JULHO DE 2012)


A Montagem

Penetrar no universo clariceano e no universo feminino em si não é uma tarefa fácil. Fazer uma personagem feminina, ser sutil, sentir-se mulher, casada, solitária, angustiada, repleta de conflitos, sonhos fracassados, sendo homem, também não é uma coisa que se faz da noite para o dia. Mas esse foi um desafio a percorrer. As palavras poéticas de Clarice Lispector e as canções inesquecíveis de Núbia Lafayette, conduziram-me ao sublime da construção de um texto que pudesse ajustar num só conceito de poesia essas duas mulheres que mexeram com o mundo de muitas outras mulheres através de suas palavras ditas e/ou não ditas, apenas, sentidas.
O fato é, que, Demonstrar frustrações, desejos e vontades...embriagar-se nas dores de Dolores... mulher... mãe... sem fazer clichês, dentro de uma poética onde a palavra é um forte, a submissão é um forte, o sentimento é um forte, o monólogo interior é um forte, a presença da ausência é um forte, a vida a um (dois) é um forte, foi o que tornou esse espetáculo uma grande experiência minha quanto ator e quanto pesquisador do enigmático mundo literário.
O texto situa-se numa confluência de paradigmas que entretece e destece, pondo o espectador numa espécie de tensão ilusória facilitada pela personagem Dolores em situações da vida diária, mas num intenso lirismo. As cenas nos colocam diante de um realismo-naturalismo e de um romantismo-simbolismo significante, uma vez que, encontram-se veios recessivos que criam um entrelaçamento entre realidade e a “realidade adivinhada”, produzindo uma poética que lhe é própria. 
Coisas simples da vida como o achar de um velho vestido cor de vinho, um litro de vinho do porto na adega, a solidão e o vazio que habita o interior e o exterior de Dolores conduz o espectador e a personagem Dolores a uma verdadeira catarse das mulheres criadas por Clarice Lispector e do ser humano em real. 
A construção do texto partiu da seguinte curiosidade: como seria a vida da personagem Macabéia (Hora da Estrela) se ela tivesse casada com o grande amor da sua vida – Olímpico?
Durante o processo de construção textual outras personagens femininas do mundo Clariceano habitou a vida da personagem Dolores. Além de Macabéia, somaram-se  a  Dolores a personagens do romance A Paixão Segundo G. H. e Laços de Família.
Para completar a criação da personagem Dolores e dos momentos de angústia e solidão vivida pela mesma, as canções interpretadas por Núbia Lafayette tornaram-se elementos de extrema importância no corpo do texto e na atuação do ator.  Músicas como Hino ao Amor, Lama, Concerto para um verão, Devolvi, Casa e Comida, Fracasso, Mata-me Depressa preencheram de lirismo o texto, acena e a vida da personagem Dolores e dos espectadores que se deleitam com as ações da cena e da voz da cantora Núbia Lafayette.
 Desafios foram lançados. Desafios múltiplos: uma produção sem dinheiro, estréia fora da capital cearense (estreamos em Guaramiranga – maio de 2009), monólogo, reassumindo um grupo que estava desativado há três anos e outros desafios.
Era preciso coragem. Como num ritual dionisíaco, Dolores, embriaga-se. Palavras repletas de sentimentos ecoam pelos quatro cantos do palco, como a forte batida de um coração alado. Eu quero desabafar...!

A Cia. Teatral Moreira Campos

A Cia. Teatral Moreira Campos foi fundada no ano de 1998, por alunos do Curso de Letras e do Curso de Arte Dramática da Universidade Federal do Ceará, tendo como principal objeto de pesquisa obras da literatura brasileira e universal.
Ao longo de quatorze anos, vários atores e diretores da classe artística de Fortaleza passaram pelo grupo. A companhia participou de festivais locais, regionais e nacionais de teatro, sendo indicada a prêmios. Montou três esquetes e oito espetáculos: A Morte e a Alta Costura (1998-2001), Odisséia I (1999), Odisséia II (2000), Relembranças (2001), Agosto (2001-2002), Os Sertões (2002-2004), A Casa (2004-2005), Embriagada...eu quero desabafar (2009...).
O nome do grupo é uma homenagem a um dos maiores contistas da literatura cearense, Moreira Campos, nascido na cidade de Senador Pompeu, em janeiro de 1914. Foi professor da Universidade Federal do Ceará, membro da Academia Cearense de Letras e integrante do grupo literário Clã. É autor, dentre outras obras, do livro de contos Dizem que os cães vêem coisas. Moreira Campos faleceu em Fortaleza, em maio de 1994.

O Ator
Wellington Rodrigues é formado em Letras, Especialista em Cultura Clássica e Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Ceará. Também é formado pelo Curso de Arte Dramática da UFC. Ator, diretor, dramaturgo. Fundador da Cia. Teatral Moreira Campos. Ao longo de treze anos no teatro como ator e produtor, fez 14 espetáculos. Foi indicado pelo Prêmio Balaio do Ceará nas seguintes categorias: Melhor Produção, Ator Revelação e Ator Coadjuvante. Participou como ator convidado de espetáculos montados pela Companhia Palmas Produções Artísticas, pelo Grupo Palcos Produções Artísticas e pelo grupo Bilu Bila de Teatro.


Ficha Técnica
Pesquisa, texto, direção, concepção, atuação, iluminação, sonoplastia, figurino, maquiagem e produção executiva: Wellington Rodrigues
Execução de Iluminação: Júnior Paiva
Execução de Sonoplastia: Júnior Paiva
Assistente de Produção: Milena Rodrigues
Criação de Material Gráfico: Márcio Martins


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