CARTA ABERTA PARA TERESINA
Sabe, Teresina. Quero te confidenciar uma coisa: em
outros tempos cantei muito tua história, teus heróis, teus mitos. Mas hoje não.
Olhando cada face, cada rua aqui, cada rio, cada praça ali, encho-me de uma
certeza inevitável: tua carne é urdida de fibra, sangue e suor de cada ser teu,
que te recebe e te abraça a cada romper de um novo dia.
A cidade se revela fazendo brotar de todos que te
teresinam o orgulho e o respeito de sermos nós sendo cada traço desta tela que
colorimos. E nesta trilha aberta, onde esbarro na face multifacetada desta
cidade, enquanto firmo o olhar no horizonte que se figura no fim sem-fim da
estrada, deixo-me arejar pelo coqueiro que enamora a bela carnaúba que faz cera
relutante em se entregar à boca da noite.
Ainda conservas em ti a candura das palavras eternas.
Nas crenças, nas lendas, na fé. Tradições que se mantém vivas; na madeira e no
barro que se fazem história na mão do homem que os eterniza em seu suor – sala
de visita aberta para o mundo.
Como esquecer-te? Teus domingos de sol na coroa do
Parnaíba. Dançar um forró agarradinho e depois cair nos braços da morena, que
faceira, espicha olhar do jovem cabeça-de-cuia, que sai do seu mundo pra
assustar moças donzelas em noite de lua cheia.
E quando a noite desce seu manto... moça namoradeira,
num se pode acreditar!, acende a luz no coração do bêbado incrédulo, desafiante
das madrugadas famintas de amor. Histórias de assombrar. Crianças que caem em
sonho profundo, que boi vem pegar... Laços de fita, tramas do amar. Ah! As
tertúlias do Clube dos Diários, belos bailes, alegrias de Momo, noites de nunca
mais...! E nas palavras do poeta e no lábio doce da menina, existirmos... a que
será que se destina?
Teresinar: cantando tua vida – criatividade,
inventividade, força e arte do teu povo. Perceber, na mão que trança as folhas
do abano, o agito do leque nas tardes quentes; que o suor do homem simples que
labuta cada esquina tua, fertiliza esta
terra prenhe de histórias e vidas que se misturam no vaivém da metrópole; que o
rio que encalha a produção, escoa sonhos e delírios na mente imaginativa do
poeta. Reconhecer em cada rosto que passa, cada palavra cantada em verso e
prosa, em riso e lágrimas de concreto armado, o futuro de uma história que
segue sua trilha sem perder de vista os passos que o tempo deixa cravados em
cada um de nós.
Vitorino
Rodrigues
*Texto escrito para o espetáculo “Eu
Teresino”, comemorativo dos 153 anos de aniversário de Teresina, em 2005.
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TERESINA EM CORSO
Corre corre toda a gente
Carro moto pé bike caminhão
Linha reta curva qualquer patente
Qualquer rota que leve à emoção
Alegria estampada em cada peito
Irreverência no pai neto avô cara machão
A cidade se encontra em corso encontro perfeito
Donzela noiva mulher dama cafetão
Até o que não passa se arrasta pega fogo
Socorro chama guarda batedor médico de plantão
Tudo o que não importa neste jogo
É a magia deste feito ficar na mão
Neste cenário a avenida desfila
Gente de toda a gente marechal barão
Povo que se uniu bairro ajuntamento vila
Teresina é o mundo mostrando sua cara pra nação
Vitorino Rodrigues
*Texto escrito para reverenciar o Teresina por realizar o MAIOR CORSO DO MUNDO - Entrada para o Guiness Book, em 2012.
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CIDADE LUZ
Cidade
luz
Irradia
os acordes
Marca
o passo da canção
Abre
a lente do poeta
Arda
a arte
Teresinando
esta cidade
Eternizada
em nós
Em
versos que sublimam dores
Amores
dedilhados ao violão
Crava a clave da melodia
Reinventa tua palavra
Congela o pulsar da tua gente
Barro, vida, luz
Vitorino Rodrigues
*Texto escrito para o espetáculo “Eu
Teresino”, comemorativo dos 153 anos de aniversário de Teresina, em 2005.
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